segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Resenha Crítica

Do blog Alpharrábio, de Viegas Fernandes da Costa:


“Farol do espaço profundo”

Viegas Fernandes da Costa

Não sou propriamente um leitor de ficção científica, e devo confessar aqui certo preconceito em relação ao gênero. Lembro-me de, na adolescência, ter lido algo de Arthur C. Clarke e, claro, “A máquina do tempo” de Herbert George Wells. Para além, pouquíssima coisa. Androides, espaçonaves intergalácticas, ovnis e vida extraterrena chegaram-me mesmo foi através do cinema, e houve até alguns filmes do gênero que ingressaram em meu panteão cultural pessoal, como é o caso de “2001 – Uma odisseia no espaço”, dirigido por Stanley Kubrick a partir do romance do já citado Arthur C. Clarke.
Faço o preâmbulo porque, depois de ler “Farol do espaço profundo”, de Roberto Belli, senti-me convidado a escrever sobre o livro, ou melhor, sobre minha experiência de leitura dos contos de ficção científica que compõem a obra. Entretanto, como me falta conhecimento do gênero, reconheço: limito-me ao comentário de “encantamento”. E “encantamento” é mesmo a palavra correta, já que Belli me devolveu, com suas histórias, o gosto “de uma primeira vez”.
Com sua escrita direta e elegante, criativa e repleta de minuciosos detalhes (qualidades que redimem a obra de alguns problemas de revisão e edição), Roberto Belli apresenta-nos seis contos (os dois primeiros verdadeiras novelas, dada a extensão e estrutura dos mesmos) que discutem, em extremo, os limites da existência humana no planeta Terra. O tema não é novo, sabemos, mas em “Farol do espaço profundo” o autor apresenta-nos o paradoxo da ciência: se, por um lado, o conhecimento científico pode apresentar as respostas para um futuro em que nossa espécie terá que procurar outro planeta para viver (como é o caso de “Farol do espaço profundo”, novela que dá nome ao livro, e do conto “Exodus”), por outro pode também promover nossa completa extinção, neste caso representada pelo robô Tec-5, protagonista do conto “Tardio”.
Já “O mar de Galant”, novela que abre o livro, remeteu-me a um antiquíssimo mito hindu que afirma ser o universo um organismo vivo, no qual cada astro seria um dos seus órgãos. Quando conheci o mito pela primeira vez, logo me percebi na condição de um vírus ou uma bactéria habitando este incomensurável corpo. Galant, nascido na mente fértil do autor, é este organismo vivo que procura compreender e desabilitar tudo que lhe é estranho. Vale dizer, “O mar de Galant” e “Farol do espaço profundo” são, sem dúvida, o ponto alto do livro, e as possibilidades de vida extraterrena não caem nas fórmulas fáceis do E.T. de Spielberg. Há vida inteligente fora de nosso Sistema Solar, mas esta não pode ser compreendida a partir dos nossos padrões humanos e terrenos. Como nos lembra François Jacob em “O jogo dos possíveis”, geralmente quando representamos, seja no cinema, nas artes plásticas ou na literatura, vida inteligente fora da Terra, representamo-na a partir de padrões que nos são familiares: os extraterrenos, ainda que providos de uma anatomia bizarra, comunicam-se através de um cérebro, possuem olhos, membros etc. Ou seja, não diferem muito de nós. A vida extraterrena nos contos de Belli, por sua vez, não possui forma palpável, e nisto aproxima-se do Deus bíblico. A comparação não é gratuita, também em “Farol do espaço profundo” podemos encontrar a narrativa escatológica “construtora de mundos”.
Para além da dimensão estética, há nos contos do livro uma dimensão ética. As tramas de “Farol do espaço profundo” capturam o leitor e constituem-se em leitura prazerosa, mas também provocam a reflexão sobre nossa condição humana, nosso estar no mundo e nossa utopia de eternidade genética. Neste sentido, percebemos ainda a postura de um autor que acredita em valores – literalmente – universais. Pacifismo, solidariedade, amor e autoridade moral são estes valores que costuram e sustentam as tramas do livro.
Apesar de pouco explorada na literatura brasileira, “Farol do espaço profundo” mostra que há lugar para a ficção científica em nossas estantes.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Farol do Espaço Profundo

Vencedor do Edital do Fundo Municipal de Apoio à Cultura da Fundação Cultural de Blumenau, livro pertencente ao gênero ficção científica, constituído de quatro contos e duas noveletas (contos grandes). O livro possui a Apresentação da professora e escritora Anamaria Kovács.

Farol do Espaço Profundo trata de questões clássicas da ficção científica – viagens acima ou próximas à velocidade da luz (lei da relatividade), a Terra arrasada por alienígenas, a fuga em massa do planeta Terra devido a um buraco negro que está em rota de colisão e o tráfico de drogas interplanetário – são alguns deles. Outros temas mais complexos perpetram as páginas como o "Mar de Galant", uma homenagem a Solaris, de Stanislaw Lem, e "Farol do Espaço Profundo", que dá título ao livro, homenagem a Carl Sagan (Contato) e Arthur C. Clarke (em várias histórias, como a série Rama).

Farol do Espaço Profundo
168 páginas
R$ 25,00
À venda em Blumenau 
Livraria Blulivros, Rua XV de Novembro

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

SAIU O LIVRO FAROL DO ESPAÇO PROFUNDO


Meu primeiro livro de Ficção Científica está pronto!

E querem saber? Custei a acreditar que 21 caixas com 1500 livros foram entregues na minha casa. Farol do Espaço Profundo levou tanto tempo para sair do "papel" PC e entrar no papel (de verdade) que teve quatro títulos e três capas diferentes antes de ter sido rodado na gráfica. A sensação, neste momento, ainda parece que a ficha não caiu. Demorou  oito anos para que a "criatura" se materializasse como um projeto acabado no qual não posso mais mexer.

Farol do Espaço Profundo é um livro de seis contos. Dois contos são um pouco longos, quase atingindo o status de noveleta, ou pequeno romance. Outros quatro contos possuem tamanhos "normais". A princípio, tive a ideia de utilizar ilustrações, mas quando elas ficaram prontas, não alcançaram a ideia que eu queria. Mais tarde, talvez eu publique essas ilustrações neste blog com a autorização do desenhista.

Farol do Espaço Profundo foi vencedor num edital da prefeitura de Blumenau, dentro do Fundo de Apoio à Cultura, da Fundação Cultural de Blumenau. Mas antes disso, este livro já estava na Editora Cultura em Movimento da mesma Prefeitura, desde 2003. Havia sido aprovado pelo conselho editorial, mas a política nestes anos todos fez com que o livro não saísse e, então, inscrevi-me no edital, torcendo para que quem o lesse gostasse pelo menos um pouquinho de Ficção Científica Hard. Felizmente, isso aconteceu e consegui vencer o edital junto com outros participantes. Para baratear o livro ao máximo, eu mesmo fiz a diagramação e a revisão, dei também a ideia para a capa (feita pela Belli Studio). Eu sei que o autor não deveria revisar o seu próprio livro, é uma lei primária de editora. Mas não tive outro jeito, esses anos todos sempre mexi no livro, foram três revisores ao todo que me ajudaram. Mas acabei mexendo novamente, de forma que o livro está como eu quero. Claro, se demorasse mais um ano, teríamos outro livro... Se por acaso acharem alguma coisa, comuniquem-me delicadamente, please! A culpa é totalmente minha!

Sobre Roberto Belli:
Bom, eu sempre fui um apaixonado por ficção científica desde criança. Eu era um inveterado fã de Perdidos no Espaço aos sete anos! Sim, eu nasci em fins de novembro de 1959. Comecei desenhando histórias de ficção científica em bloquinhos que meu pai trazia do banco onde trabalhava. Claro que, quando veio a época de Jornada nas Estrelas, em 1972, aqui no Brasil, tornei-me um trekker imediatamente.
Mais tarde, não sei porque graduei-se na faculdade de Letras. Talvez por birra, pois toda a minha família queria que eu fizesse advocacia ou contabilidade, faculdades que "davam dinheiro". Fiz o bacharelado de Letras na Furb  (Universidade de Blumenau) e um dos méritos disso foi ter vencido o VI Concurso de Contos da Furb, em 1986, com o conto de ficção científica intitulado O Meu Fantasma do Espaço

Em Blumenau, comecei trabalhando como desenhista aos 15 anos, para a indústria têxtil local. Aos vinte e poucos, escrevi para o Jornal de Santa Catarina, nos anos de 1980. E depois tentei a carreira de redador publicitário. Mudei-me para São Paulo para fazer a faculdade de História da USP. Passei no vestibular mas decepcionei-me com a estrutura da faculdade, que me pareceu um tanto decadente. Trabalhei como revisor e preparador de textos da Editora Scipione por oito anos. Depois, na crise dos anos 90, voltei para as agências de propaganda e marketing, como a P.A. Propaganda (do Grupo Pão de Açúcar), a Fisher América Comunicação Total (São Paulo) e Octopus (maior grupo de comunicação e marketing do ABCD paulista).

De volta a Blumenau, tornei-me escritor, definitivamente. Especificamente, porém, como escritor infantil, uma oportunidade dada a mim pela Editora Todolivro (Grupo Todolivro), onde, sob o nome Roberto Belli, lancei inúmeras coleções que fizeram sucesso como a Coleção Sentimentos, Aventuras de Maguinho na Cidade do Conhecimento entre muitas outras. Escrevi também várias adaptações de clássicos infantis e juvenis. 
Na literatura fantástica, lancei Os Ceifadores (2007) pelo projeto de reciclagem da campanha "Troque Lixo por Livro", encabeçado por Cristina Marques, ilustrado pelo famoso e premiado quadrinista, o saudoso Eugênio Colonnese.

Trabalhei com meu irmão, Rubens Belli, como roteirista de quadrinhos e de animações para a Belli Studio, dirigida por ele. Escrevi episódios de desenhos animados para a série Aventuras de Betinho Carrero, Beto Carrero World (Penha - SC), onde até hoje são feitas matinês no Parque do Beto Carrero.

Escrevi também o livro Ficção Científica – um Gênero para a Ciência (Edifurb), em que tento responder às perguntas: "a ciência atual atropelou a ficção científica? Se sim, podemos continuar chamando este gênero tão difundido de FC?". Este livro, no qual recebi gentilmente uma grande contribuição de Roberto de Sousa Causo, está no prelo desde 2009 e prometido para ser publicado este ano.

Também tenho o Minidicionário da Língua Portuguesa e o Minidicionário de Espanhol, que estão no prelo e que devem em breve sair pela Blu Editora, de Blumenau.

AURORA


Aurora 2012 from Christian Mülhauser on Vimeo.

A Aurora (Boreal ou Austral) nada mais é do que o vento solar colidindo contra o campo magnético da Terra, excitando as moléculas da parte mais alta da atmosfera terrestre onde se localizam o polos magnéticos.