sábado, 9 de junho de 2012

HOMENAGEM A RAY BRADBURY


Quando a sonda Mariner 9 estava para chegar a Marte, em novembro de 1971, a Universidade Tecnológica da Califórnia (Caltech) e o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) promoveram um encontro único entre escritores, cientistas e um editor: Ray Bradbury, Arthur C. Clarke, Carl Sagan, Bruce Murray e Walter Sullivan.
No vídeo abaixo, Ray Bradbury é o primeiro a falar e conta uma história interessante. Porém, o trecho escrito mais abaixo foi retirado do livro Marte e a Mente do Homem - A conquista de Marte  o futuro do mundo, Ed. Artenova, embora o livro tenha sido escrito com base neste simpósio, pode-se ver que há algumas diferenças, talvez por conta de revisões ou mesmo pela tradução para o português:



"Para ser sincero, não sei porque cargas d'água estas minhas especulaçãoes estão incluídas aqui, já que sou a menos científica das pessoas.
Só para situar as coisas em seus devidos lugares, vivo sendo desmascarado por meninos espertos. (rs!) Há algum tempo atrás, um garoto terrível, de uns dez anos de idade, correu até onde eu me encontrava e perguntou:
- Mr. Bradbury?
- Eu mesmo.
- Foi o senhor que escreveu aquele livro, "Crônicas Marcianas"?
- Fui eu, sim.
- Na página 92, o senhor disse mesmo que as luas de Marte nasciam a leste?
- É, eu escrevi isso mesmo. (rs!)
- Então 'tá errado - disse ele. (rs)
Tive que lhe dar uma palmada. (rs!) Macacos me mordam se eu me deixar intimidar por crianças inteligentes.
(...)
Naturalmente que eu estava esperando nos últimos dias, à medida que nos aproximamos mais e mais de Marte [Mariner 9], ver multidões de marcianos olhando para o céu e agitando faixas em que se pudesse ler: Bradbury estava certo!  (rs!)
(...)
Sempre que tenho uma oportunidade, apresento um poema, e não seria agora que faria uma exceção. Por sorte, é uma poesia pequena, que resume alguns dos meus sentimentos e de minhas razões para amar as viagens espaciais, para escrever ficção científica e para a minha curiosidade em saber o que estará ocorrendo esta semana em Marte.

A sebe ao longo da qual percorremos nossos caminhos
sempre nos conteve, esses anos todos;
era um lugar, no meio do céu,
onde, por entre o verde das folhas e uma promessa de rosa
nós estendíamos a mão, quase tocando,
a mentira daquele azul que não era azul.
Dizíamos que se pudéssemos alcançá-lo
ele nos ensinaria a jamais morrer.

Sofremos, quase o alcançamos,
mas o nosso esforço foi sempre inútil.
Estamos então condenados à morte,
e, como tantas vezes repeti,
é doloroso que sejamos pequeninos.
Se ao menos fôssemos mais altos
e tocássemos as mãos de Deus, a fímbria do seu manto,
não teríamos que morrer, e morrendo, que partir
tal como aqueles que nos precederam;
um milhão, um bilhão ou mais ainda,
que, pequenos como nós procuraram se erguer,
na esperança de assim conservar a sua terra,
o seu lar, seu corpo e seu espírito.
Mas eles, como nós, estavam colados ao chão.

Será que um dia uma Raça realmente se alçará
através do Vazio, do Universo e de tudo o mais?
E que, iluminada pela chama dos Foguetes,
finalmente erguerá o dedo de Adão -
como no teto da Capela  que é Sistina -
com a imensa mão de Deus baixando à sua frente
para medir o Homem e julgá-lo Bom,
e conceder-lhe a dádiva do Eterno dia?

Eu trabalho para isso.

Homem pequeno. Sonho grande. Lanço meus foguetes
com meu cérebro,
esperando que um pouco de Vontade valha milhões de anos,
ansiando por ouvir uma voz gritar de muito longe:
- Chegamos a Alfa Centauri!

Somos grande, meu Deus, nós somos grandes!"

sexta-feira, 18 de maio de 2012

LANÇAMENTOS DO FAROL DO ESPAÇO PROFUNDO

Olá!!! Com alegria venho comunicar a todos os lançamentos (principais) do meu livro Farol do Espaço Profundo. Depois de palestras e lançamentos feitos em Timbó, Blumenau e Porto Alegre, agora vem a fase dos, digamos, grandes lançamentos que, para mim, terão um sabor especial.

Lançar na Biblioteca da Furb empre foi um sonho que cultivei a vida inteira. Especialmente por que acompanhei lançamentos de livros de muitos escritores locais, escritores de outros estados e até estrangeiros. Para chegar até aqui, foi uma luta e um grande aprendizado. Desde quando venci o concurso de Contos da Furb, em 1979, percebi, de uma forma não tão intensa, na época, que deveria me dedicar à literatura. Porque a literatura sempre mexeu comigo de uma forma que não sei explicar, é como viver outra vida, sem entrar em questões metafísicas (rs!). Mas os caminhos a que propus não foram muito acadêmicos e desde 79 não publiquei mais nada.

Talvez isto se deveu à minha formação familiar, filho de um pai de descendência italiana e sofri muita influência de uma família de tios que privilegiavam mais o comércio ou o trabalho assalariado nas indústrias. Fui ser empregado também, desenhista de indústria têxtil, entendia que era o único modo de ganhar dinheiro, comprar carro, casar, ter filhos etc. Bem... Casei três vezes e tive uma filha linda no meu segundo casamento, mas estava perdido em ideias filosófico-trabalhistas sobre as mudanças comportamentais de uma sociedade brasileira que saía da ditadura para a democracia. Eu não estava focado na literatura. Estava perdido na filosofia...

(Com relação à minha filha, abro um parêntese, foi minha inspiração para os livros infantis. Uma editora me propôs escrever para ela e não deixei escapar a oportunidade. Já escrevi muitos livros infantis, devem estar hoje na casa da centena... Mas vou deixar para falar sobre isso noutro post.)

No começo dos anos 90, com a publicação da revista pulp Isaac Asimov Magazine, vi uma possibilidade, a de escrever ficção científica de verdade. E passei a escrever novamente. Mas precisava aprimorar o estilo. Embora tenha vencido um concurso de contos da Universidade de Blumenau com uma inspiração realmente introspectiva, cheguei a dar início a uma saga que está até hoje na gaveta. Participei de um concurso de contos da Isaac Asimov Magazine, no Prêmio Jerônimo Monteiro, na qual meu nome consta do verso da contracapa, setor São Paulo. Não ganhei o concurso, mas foi uma experiência que me ajudou a me reencontrar no meio das adversidades.

E agora, com este livro, reencontro esse foco, essa paixão que nunca perdi pela ficção científica! Os contos que resolvi publicar são para estabelecer minha ligação com este meu passado apaixonado. É um livro de influências, um resgate, eu diria até que é um resgate a machadada (rs!). Fiz tudo neste livro, desde a diagramação até a ideia da capa. (Aliás, a capa, devo uma desculpa a meu irmão Rubens Belli, a quem agradeço do fundo do coração, pois foi a Belli Studio que fez a diagramação desta capa maravilhosa.) Este livro é o meu retorno às origens, a Isaac Asimov (Eu, Robô!), a Arthur C. Clarke (Encontro com Rama), a Star Trek, a Carl Sagan (Contato), a Stanislaw Lem (Solaris) e também aos filmes de FC da década 50, especialmente o filme "O Fim do Mundo" (When Whords Colide, 1951) que presto uma homenagem singela.

Ah, sim, os lançamentos deste livro anteriores foram muito especiais, como em Timbó fui recebido calorosamente pela equipe da Casa do Poeta, a quem agradeço imensamente. Em Blumenau, agradeço a recepção também das Livrarias Catarinense, sempre prestigiando os autores da terra, neste caso, no Norte Shopping. Em Porto Alegre, o lançamento foi na 1ª Odisseia de Literatura Fantástica, no Memorial do Rio Grande do Sul, onde encontrei os autores de ficção científica de quem sou fã como Roberto de Sousa Causo, Gerson Lodi-Ribeiro e a escritora vampírica a simpatissíssima Giulia Moon! Foram dois dias memoráveis!

Roberto Belli, Gerson Lodi-Ribeiro e Daniel Borba.


Bom, para terem uma ideia do livro Farol do Espaço Profundo, gostaria que dessem uma lida na bela resenha que o meu amigo Daniel Borba, editor responsável da Revista Somnium, publicou em seu blog Além das Estrelas. Obrigado, Daniel!

Bom, o leitor tendo lido a resenha do Daniel Borba, sabe que o meu livro é bom e gostoso de ler. Mas tem problemas. Queria dizer que todo livro tem problenas... Mas o problema maior do meu livro é que ele tem digamos envergadura, porém é um livro independente. Sabendo disso antecipadamente, vamos ao que ocorreu. Primeiro é que esolvi fazer tudo por achar que podia fazer tudo (rs!)! Ledo engano! Ao diagramar (eu diagramei!), reescrevi algumas partes dos contos para "melhorá-los" no Page Maker, porque sou um eterno insatisfeito. Embora tenha realmente melhorado o estilo etc., foi um grande problemas pois não pude efetivar a última revisão como deveria e eu revisei o meu próprio texto (vai uma dica, nunca façam isso!) para finalizar. Mexi no texto que já havia tido revisões anteriormente... então, tinha que fazer mais uma, mas não havia tempo. Edital é edital, e a gente tem que cumprir prasos. E saiu com "alguns erros", o que lamento muito e peço desculpas aos leitores. Mas abstraindo essa parte, é importante olhar para conteúdo, para as viagens que as histórias proporcionam. São grandiosas viagens, eu prometo!

Convite 1:



Durante o evento haverá uma exposição "Fabulosos" de Iracema Fiamoncini Pakawon Martin, conforme este convite 2, da Furb:


Então, todos estão convidados para curtir o evento na famosa Biblioteca da Furb, uma das mais modernas do Sul do Brasil!, para prestigiarem esse maravilhoso evento. Haverá um coquetel para os presentes a partir das 20 horas.
Espero todos lá!!!

No dia 23 de maio, no Shopping Neumarkt, haverá outro lançamento na livraria Catarinense. Aqueles que não forem na Furb, estarei esperando lá!!! Vamos bater um papo!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Neste fim de semana, dias 27 e 28, acontecerá a 1ª Odisseia de Literatura Fantástica e eu estarei lá lançando o meu livro Farol do Espaço Profundo. Depois, inicarei definitivamente os lançamentos em Blumenau, nos principais locais, como no Shopping Neumarkt, na Biblioteca da Furb e na Fundação Cultural de Blumenau.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Lançamento do livro Farol do Espaço Profundo em Blumenau


O Norte Shopping fica bem ao lado do Vale Auto Shopping, na BR 470.
Todos estão convidadíssimos!

Ficção Científica em Santa Catarina?

Maicon Tenfen, meu amigo e colunista do Diário Catarinense, escritor de mão cheia com vários títulos de sucesso em Santa Catarina, honrou-me com esta crônica no dia 10 deste mês. Obrigado, Maicon!

Ficção Científica em Santa Catarina?

A ficção científica é um dos gêneros mais fascinantes da — para usarmos um termo de Adorno, o ranzinza — Indústria Cultural. Embora tenha suas origens num clássico como Frankenstein (1818), de Mary Shelley, popularizou-se na primeira metade do século 20 através das pulp magazines, aquelas revistinhas fuleiras impressas em papel barato e vendidas por centavos nas bancas de jornal.
Com o tempo, como ocorreu com outros gêneros considerados menores, a ficção científica conquistou o direito de sair em capa dura e atrair a atenção de uma crítica mais descolada e interessada em releituras, revisionismos e dialogias textuais.
De umas décadas para cá, graças também à ação persuasiva do cinema, a sci-fi (como nomeada pelas novas gerações) goza de popularidade crescente ao redor do globo. Filmes baseados em obras de Isaac Assimov, Robert Heinlein e principalmente Philip K. Dick, três dos papas do gênero, tornam-se cada vez mais assíduos nos downloads piratas dos adolescentes.
Ainda que a maioria dos autores e leitores de ficção científica estejam no mundo anglófilo, o gênero é tão atraente e significativo, tão cheio de possibilidades temáticas e sociais, que facilmente se espalhou por todas as culturas e continentes. Procure nas literaturas eslavas, orientais, nórdicas ou africanas. Ninguém deixará de encontrar escritores genuinamente partidários dos temas futurísticos e tecnológicos.
Vai daí, surgem duas perguntas que não querem calar. Existe ficção científica no Brasil? E em Santa Catarina, existe?
Para a primeira pergunta, uma resposta surpreendente: o cultivo da ficção científica praticamente se confunde com a história da literatura brasileira. Não se trata de exagero. Joaquim Manuel de Macedo, autor de A Moreninha (1844), escreveu textos que podem ser tranquilamente considerados ficção científica. Machado de Assis, João do Rio e Rachel de Queiroz, também.
Se alguém duvida da onipresença do gênero em terras tupiniquins, sugiro um livro chamado Ficção científica: mitos culturais e nacionalidade no país do futuro (São Paulo: Devir, 2005), da pesquisadora americana M. Elizabeth Ginway (é mesmo típico que estrangeiros venham nos lembrar das riquezas que possuímos!). Se o leitor se surpreender com a abrangência e a fecundidade dos nossos autores, também se espantará com a marginalidade em que viveram por cultivar uma literatura tão periférica.
Quanto à segunda pergunta, sobre Santa Catarina, só posso providenciar uma resposta óbvia: se o próprio Guido Wilmar Sassi escreveu sobre porvires alternativos, é claro que existe ficção científica entre nós. Dos autores atuais, nenhum me parece mais profícuo e dedicado que o blumenauense Roberto C. Belli, que pratica o gênero desde os longínquos anos 1980, quando venceu um concurso de contos com uma história sobre viagens espaciais.
Hoje à noite (10), na Universidade de Blumenau, Belli fará uma palestra sobre ficção científica e, na quinta da semana que vem (19), lançará Farol do Espaço Profundo, antologia cujo título já evidencia o teor dos contos e novelas reunidos no volume. O autor também se dedica ao estudo e à divulgação da ficção científica como fenômeno cultural. No prelo, possui o didático Ficção científica: um gênero para a ciência, a sair ainda em 2012 pela Edifurb.
Tanto aos que amam a ficção científica quanto aos que ainda não tiveram oportunidade de descobri-la, Roberto C. Belli é um autor que recomendo sem medo de errar.

domingo, 18 de março de 2012

LANÇAMENTO DO LIVRO FAROL DO ESPAÇO PROFUNDO E EXPOSIÇÃO DIGITAIS



A Fundação Cultural de Timbó e  a
Casa do Poeta Lindolf Bell
Apresentam:

Abertura da Exposição “DIGITAIS”
Do Fotógrafo Marco Struve e da Artista Plástica Elke Littig
e Lançamento do Livro “FAROL DO ESPAÇO PROFUNDO”
do autor Roberto Belli

    Digitais, as digitais identificam o ser humano e o tornam único. Ninguém é igual a ninguém graças especialmente às linhas dos dedos e das mãos. Aceitar a verdade de que somos únicos alimenta a auto-estima, pois faz com que nos reconheçamos e aceitemos que somos seres distintos dos demais, uma obra de arte humana. É isso que nos traz a exposição: “DIGITAIS”. Através das fotos de Marco Struve, formando composições a partir de mãos tridimencionais, o conceito que se tem a respeito daquilo que é digital se torna significativo aos olhares. Juntamente com as fotografias, esculpidas pela artista Elke Littig, mãos ocupam o espaço físico tridimencionalmente compondo a exposição. Em um tempo de tantas idéias, de tantos sentimentos, tantos valores contaminados pela massificação pensar que cada ser humano é marcado pela originalidade é fantástico. Integrar o objeto exposto como elemento chave da fotografia é o que pretende a exposição destes dois artistas indaialenses.
         Já o livro “Farol do Espaço Profundo” pertence ao gênero ficção científica. Trata de questões clássicas da ficção científica como viagens acima ou próximas à velocidade da luz, o planeta Terra sendo invadido e arrasado por alienígenas, a fuga em massa do planeta Terra devido a um buraco negro e o tráfico interplanetário, entre outros. O livro é composto por quatro contos e duas noveletas. Um deles narra a abdução de um capitão de uma nave estelar, por seres muito superiores a fim de usá-lo para trazer um comunicado aos seres humanos sobre nosso futuro. Tal conto dá nome ao livro “Farol do Espaço Profundo”. Se trata de uma leitura muito envolvente e fascinante.
  
A abertura da Exposição será no dia 21 de março a partir das 19h
A entrada no dia do evento é franca, será servido coquetel gratuito e a exposição ficará aberta à visitação até o dia 13 de abril, durante os dias e horários normais de atendimento do museu:

Terça-Feira a Domingo, das 8h 30min às 11h 30min e das 13h 30min às 17h 30min.
A Casa do Poeta Lindolf Bell fica na Rua Quintino Bocaiúva, nº 902, Bairro Quintino – Timbó/ SC.
Maiores informações através do telefone (47) 3399-2074 ou pelo e-mail: graoeventos@lindolfbell.com.br



Prestigie!
O quê? Abertura da Exposição “DIGITAIS” do fotógrafo Marco Struve e da artista plástica Elke Littig e Lançamento do Livro “FAROL DO ESPAÇO PROFUNDO” do autor Roberto Belli.
Quando? 21 de março de 2012 a partir das 19h
Onde?   Grão Espaço Cultural - Casa do Poeta Lindolf Bell
             Rua Quintino Bocaiúva, nº 902, Quintino, Timbó/ SC

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Resenha Crítica

Do blog Alpharrábio, de Viegas Fernandes da Costa:


“Farol do espaço profundo”

Viegas Fernandes da Costa

Não sou propriamente um leitor de ficção científica, e devo confessar aqui certo preconceito em relação ao gênero. Lembro-me de, na adolescência, ter lido algo de Arthur C. Clarke e, claro, “A máquina do tempo” de Herbert George Wells. Para além, pouquíssima coisa. Androides, espaçonaves intergalácticas, ovnis e vida extraterrena chegaram-me mesmo foi através do cinema, e houve até alguns filmes do gênero que ingressaram em meu panteão cultural pessoal, como é o caso de “2001 – Uma odisseia no espaço”, dirigido por Stanley Kubrick a partir do romance do já citado Arthur C. Clarke.
Faço o preâmbulo porque, depois de ler “Farol do espaço profundo”, de Roberto Belli, senti-me convidado a escrever sobre o livro, ou melhor, sobre minha experiência de leitura dos contos de ficção científica que compõem a obra. Entretanto, como me falta conhecimento do gênero, reconheço: limito-me ao comentário de “encantamento”. E “encantamento” é mesmo a palavra correta, já que Belli me devolveu, com suas histórias, o gosto “de uma primeira vez”.
Com sua escrita direta e elegante, criativa e repleta de minuciosos detalhes (qualidades que redimem a obra de alguns problemas de revisão e edição), Roberto Belli apresenta-nos seis contos (os dois primeiros verdadeiras novelas, dada a extensão e estrutura dos mesmos) que discutem, em extremo, os limites da existência humana no planeta Terra. O tema não é novo, sabemos, mas em “Farol do espaço profundo” o autor apresenta-nos o paradoxo da ciência: se, por um lado, o conhecimento científico pode apresentar as respostas para um futuro em que nossa espécie terá que procurar outro planeta para viver (como é o caso de “Farol do espaço profundo”, novela que dá nome ao livro, e do conto “Exodus”), por outro pode também promover nossa completa extinção, neste caso representada pelo robô Tec-5, protagonista do conto “Tardio”.
Já “O mar de Galant”, novela que abre o livro, remeteu-me a um antiquíssimo mito hindu que afirma ser o universo um organismo vivo, no qual cada astro seria um dos seus órgãos. Quando conheci o mito pela primeira vez, logo me percebi na condição de um vírus ou uma bactéria habitando este incomensurável corpo. Galant, nascido na mente fértil do autor, é este organismo vivo que procura compreender e desabilitar tudo que lhe é estranho. Vale dizer, “O mar de Galant” e “Farol do espaço profundo” são, sem dúvida, o ponto alto do livro, e as possibilidades de vida extraterrena não caem nas fórmulas fáceis do E.T. de Spielberg. Há vida inteligente fora de nosso Sistema Solar, mas esta não pode ser compreendida a partir dos nossos padrões humanos e terrenos. Como nos lembra François Jacob em “O jogo dos possíveis”, geralmente quando representamos, seja no cinema, nas artes plásticas ou na literatura, vida inteligente fora da Terra, representamo-na a partir de padrões que nos são familiares: os extraterrenos, ainda que providos de uma anatomia bizarra, comunicam-se através de um cérebro, possuem olhos, membros etc. Ou seja, não diferem muito de nós. A vida extraterrena nos contos de Belli, por sua vez, não possui forma palpável, e nisto aproxima-se do Deus bíblico. A comparação não é gratuita, também em “Farol do espaço profundo” podemos encontrar a narrativa escatológica “construtora de mundos”.
Para além da dimensão estética, há nos contos do livro uma dimensão ética. As tramas de “Farol do espaço profundo” capturam o leitor e constituem-se em leitura prazerosa, mas também provocam a reflexão sobre nossa condição humana, nosso estar no mundo e nossa utopia de eternidade genética. Neste sentido, percebemos ainda a postura de um autor que acredita em valores – literalmente – universais. Pacifismo, solidariedade, amor e autoridade moral são estes valores que costuram e sustentam as tramas do livro.
Apesar de pouco explorada na literatura brasileira, “Farol do espaço profundo” mostra que há lugar para a ficção científica em nossas estantes.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Farol do Espaço Profundo

Vencedor do Edital do Fundo Municipal de Apoio à Cultura da Fundação Cultural de Blumenau, livro pertencente ao gênero ficção científica, constituído de quatro contos e duas noveletas (contos grandes). O livro possui a Apresentação da professora e escritora Anamaria Kovács.

Farol do Espaço Profundo trata de questões clássicas da ficção científica – viagens acima ou próximas à velocidade da luz (lei da relatividade), a Terra arrasada por alienígenas, a fuga em massa do planeta Terra devido a um buraco negro que está em rota de colisão e o tráfico de drogas interplanetário – são alguns deles. Outros temas mais complexos perpetram as páginas como o "Mar de Galant", uma homenagem a Solaris, de Stanislaw Lem, e "Farol do Espaço Profundo", que dá título ao livro, homenagem a Carl Sagan (Contato) e Arthur C. Clarke (em várias histórias, como a série Rama).

Farol do Espaço Profundo
168 páginas
R$ 25,00
À venda em Blumenau 
Livraria Blulivros, Rua XV de Novembro

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

SAIU O LIVRO FAROL DO ESPAÇO PROFUNDO


Meu primeiro livro de Ficção Científica está pronto!

E querem saber? Custei a acreditar que 21 caixas com 1500 livros foram entregues na minha casa. Farol do Espaço Profundo levou tanto tempo para sair do "papel" PC e entrar no papel (de verdade) que teve quatro títulos e três capas diferentes antes de ter sido rodado na gráfica. A sensação, neste momento, ainda parece que a ficha não caiu. Demorou  oito anos para que a "criatura" se materializasse como um projeto acabado no qual não posso mais mexer.

Farol do Espaço Profundo é um livro de seis contos. Dois contos são um pouco longos, quase atingindo o status de noveleta, ou pequeno romance. Outros quatro contos possuem tamanhos "normais". A princípio, tive a ideia de utilizar ilustrações, mas quando elas ficaram prontas, não alcançaram a ideia que eu queria. Mais tarde, talvez eu publique essas ilustrações neste blog com a autorização do desenhista.

Farol do Espaço Profundo foi vencedor num edital da prefeitura de Blumenau, dentro do Fundo de Apoio à Cultura, da Fundação Cultural de Blumenau. Mas antes disso, este livro já estava na Editora Cultura em Movimento da mesma Prefeitura, desde 2003. Havia sido aprovado pelo conselho editorial, mas a política nestes anos todos fez com que o livro não saísse e, então, inscrevi-me no edital, torcendo para que quem o lesse gostasse pelo menos um pouquinho de Ficção Científica Hard. Felizmente, isso aconteceu e consegui vencer o edital junto com outros participantes. Para baratear o livro ao máximo, eu mesmo fiz a diagramação e a revisão, dei também a ideia para a capa (feita pela Belli Studio). Eu sei que o autor não deveria revisar o seu próprio livro, é uma lei primária de editora. Mas não tive outro jeito, esses anos todos sempre mexi no livro, foram três revisores ao todo que me ajudaram. Mas acabei mexendo novamente, de forma que o livro está como eu quero. Claro, se demorasse mais um ano, teríamos outro livro... Se por acaso acharem alguma coisa, comuniquem-me delicadamente, please! A culpa é totalmente minha!

Sobre Roberto Belli:
Bom, eu sempre fui um apaixonado por ficção científica desde criança. Eu era um inveterado fã de Perdidos no Espaço aos sete anos! Sim, eu nasci em fins de novembro de 1959. Comecei desenhando histórias de ficção científica em bloquinhos que meu pai trazia do banco onde trabalhava. Claro que, quando veio a época de Jornada nas Estrelas, em 1972, aqui no Brasil, tornei-me um trekker imediatamente.
Mais tarde, não sei porque graduei-se na faculdade de Letras. Talvez por birra, pois toda a minha família queria que eu fizesse advocacia ou contabilidade, faculdades que "davam dinheiro". Fiz o bacharelado de Letras na Furb  (Universidade de Blumenau) e um dos méritos disso foi ter vencido o VI Concurso de Contos da Furb, em 1986, com o conto de ficção científica intitulado O Meu Fantasma do Espaço

Em Blumenau, comecei trabalhando como desenhista aos 15 anos, para a indústria têxtil local. Aos vinte e poucos, escrevi para o Jornal de Santa Catarina, nos anos de 1980. E depois tentei a carreira de redador publicitário. Mudei-me para São Paulo para fazer a faculdade de História da USP. Passei no vestibular mas decepcionei-me com a estrutura da faculdade, que me pareceu um tanto decadente. Trabalhei como revisor e preparador de textos da Editora Scipione por oito anos. Depois, na crise dos anos 90, voltei para as agências de propaganda e marketing, como a P.A. Propaganda (do Grupo Pão de Açúcar), a Fisher América Comunicação Total (São Paulo) e Octopus (maior grupo de comunicação e marketing do ABCD paulista).

De volta a Blumenau, tornei-me escritor, definitivamente. Especificamente, porém, como escritor infantil, uma oportunidade dada a mim pela Editora Todolivro (Grupo Todolivro), onde, sob o nome Roberto Belli, lancei inúmeras coleções que fizeram sucesso como a Coleção Sentimentos, Aventuras de Maguinho na Cidade do Conhecimento entre muitas outras. Escrevi também várias adaptações de clássicos infantis e juvenis. 
Na literatura fantástica, lancei Os Ceifadores (2007) pelo projeto de reciclagem da campanha "Troque Lixo por Livro", encabeçado por Cristina Marques, ilustrado pelo famoso e premiado quadrinista, o saudoso Eugênio Colonnese.

Trabalhei com meu irmão, Rubens Belli, como roteirista de quadrinhos e de animações para a Belli Studio, dirigida por ele. Escrevi episódios de desenhos animados para a série Aventuras de Betinho Carrero, Beto Carrero World (Penha - SC), onde até hoje são feitas matinês no Parque do Beto Carrero.

Escrevi também o livro Ficção Científica – um Gênero para a Ciência (Edifurb), em que tento responder às perguntas: "a ciência atual atropelou a ficção científica? Se sim, podemos continuar chamando este gênero tão difundido de FC?". Este livro, no qual recebi gentilmente uma grande contribuição de Roberto de Sousa Causo, está no prelo desde 2009 e prometido para ser publicado este ano.

Também tenho o Minidicionário da Língua Portuguesa e o Minidicionário de Espanhol, que estão no prelo e que devem em breve sair pela Blu Editora, de Blumenau.

AURORA


Aurora 2012 from Christian Mülhauser on Vimeo.

A Aurora (Boreal ou Austral) nada mais é do que o vento solar colidindo contra o campo magnético da Terra, excitando as moléculas da parte mais alta da atmosfera terrestre onde se localizam o polos magnéticos.