terça-feira, 23 de novembro de 2010

LIVRO: OS CEIFADORES


Os Ceifadores (2007) é um livro de 64 páginas que levei dois meses para escrever. Um tempo curto, ainda mais que usei somente as horas vagas. A pressa se deveu ao projeto chamado “Troque lixo por livro”, encabeçado por Cristina Marques, que tinha um prazo para ser aprovado. Na verdade, o livro começou a ser escrito em outubro de 2005 e concluído em dezembro, para ser revisado em janeiro de 2006. Felizmente, consegui entrar para o projeto em tempo, vencidos os trâmites burocráticos do ano de 2006.

O livro foi muito bem recebido, tanto é que continua até hoje, com muitos alunos lendo e fazendo muitas perguntas. Outro motivo porque tenho um carinho especial por ele é que acabou sendo o meu primeiro livro dentro do gênero fantasia. Um gênero que sempre me fascinou e tinha muita vontade de escrever uma história, uma vez que eu também sou escritor infantil e, portanto, ligado à fantasia. Outra coisa importante é que teve um desenhista famoso no projeto, chamado Eugênio Colonnese, que fez ilustrações incríveis.

Quando Eugênio Colonnese veio a Blumenau para falar com os autores,
confesso que não conhecia a sua fama nos quadrinhos, mas conhecia sua obra, sem ligar as revistas à pessoa. E quando veio falar comigo, eu tinha somente dez páginas escritas do livro para mostrar a ele. Nosso encontro durou apenas uma hora, talvez mais, nesse tempo ele me perguntou aspectos físicos das personagens da história. Mostrou-se um desenhista muito sagaz, pois deduziu de minhas palavras como os personagens deveriam ser. Mas também, muito escolado, preferindo usar a sua própria imaginação para alguns personagens.

Por exemplo, para as personagens Nádia das Luzes, ele deu um aspecto de fada, como a Sininho de Peter Pan (ver ilustrações). Se olharmos a obra de Colonnese, veremos que sua importância, e sua marca registrada, está nos desenhos fabulosos e na exuberância do corpo feminino. Eu tinha dito que as Nádias eram entidades femininas da natureza e seus corpos eram da cor verde, como as folhas, tendo uma aparência ao mesmo tempo delicadas e firmes, por que elas tinham muito poder. Mas do jeito que Colonnese as desenhou, chamou mesmo muito a atenção da garotada. E não tem um que passa em frente à estante e não pega o livro para dar uma olhada.

Naquele dia de verão blumenauense, Colonnese, gentil e prestativo, nem pareceu suar, fez alguns esboços rapidamente a lápis. Observando a minha história de dez páginas, perguntou-me como a história ia acabar. Como falei, infelizmente eu tinha uma sinopse com um final em aberto. O começo e o meio estavam prontos, mas o final era vago. Eu estava escrevendo às pressas e, com certeza, não poderia mudar o rumo da história. É claro que tive medo de ficar num beco sem saída, o que seria terrível, pois teria de mexer no começo e no meio.
Mas ainda bem que deu tudo certo e a história seguiu muito bem.

Enfim, enviei por e-mail o texto completo para ele fazer as ilustrações em sua casa, onde ele morava, em São Bernardo, no ABC Paulista. Para este livro, Colonnese fez 22 ilustrações a lápis, todas excelentes. 

No dia 7 de agosto de 2008, Colonnese veio a falecer de câncer. Ele tinha um vício que muitos de minha geração têm: o cigarro. Mas foi um homem que imortalizou inúmeras histórias em quadrinhos e me agraciou com seu talento através desse projeto muito especial.

Ano passado, veio-me a ideia de torná-la um romance épico, e publicá-la numa versão mais encorpada de 200 páginas. Mas tenho que arranjar tempo, e isso é algo difícil, um bem precioso que, por enquanto, não estou conseguindo adquirir!